06/03/2011

RICARDO DAVID LOPES



Resultado Líquido


Se Portugal emitisse hoje dívida externa pagaria mais - numa emissão a três anos, por exemplo - do que aquilo que foi cobrado à Grécia pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional.

Não espanta, por isso, que a pressão sobre o país seja cada vez mais insuportável, no sentido de ser accionado um pedido de auxílio em linha com os que - por razões diferentes - Irlanda e Grécia foram forçadas a pedir. Teixeira dos Santos e José Sócrates sabem que não haverá muito tempo para continuar a esticar a corda, e acreditam - por uma questão de fé, meramente - que em Março a UE aprovará uma flexibilização do fundo de auxílio aos países em dificuldades. Até lá, o país vai continuar a saque do investidores, da mesma forma que os portugueses foram (e estão a ser) assaltados pelo Estado.

Do outro lado da barricada está a poderosa Alemanha, que também sabe que Portugal, o seu Estado e os seus bancos (como em Espanha), podem estar no limiar do colapso financeiro. O jogo de nervos que Portugal está a fazer é perigoso, mas também a Alemanha pode (vai) sair queimada se mais países caírem na Zona Euro. O país de Angela Merkel precisa dos mais fracos para vender os seus carros e a sua alta tecnologia, e precisa de Estados solventes para que a sua banca não se afunde, num dominó de consequências imprevisíveis para a União Europeia e, no limite, para toda a economia mundial. É tempo, por isso, de conciliação e visão de longo prazo. Portugal tem de aprofundar as suas reformas, causando dores bem mais profundas aos portugueses. Só assim os alemães aceitarão ceder, num jogo de compromisso entre teimosos . Os periféricos são, hoje, o elo mais fraco . Mas, amanhã, o elo forte também pode cair. Não seria, seguramente, o primeiro exemplo histórico de ruína de um império.

IN "SOL"
28/02/11

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