11/07/2010

ORA TOMA

clique para ampliar

CORRUPÇÃO EM MOÇAMBIQUE

clique duas vezes em cada página




BOAVENTURA SOUSA SANTOS







Um Presidente insustentável?

O que é hoje 'insustentável' começou a sê-lo há muito, e nesse processo Cavaco Silva foi mais parte do problema do que da solução

As declarações do Presidente da República (PR) sobre a situação do País, que declarou insustentável, são difíceis de aceitar e causariam repulsa pública se os portugueses ainda dessem muita atenção aos dirigentes políticos e se os meios de comunicação não estivessem dominados por comentadores conservadores. O ritmo pausado contribui para conferir solenidade e finalidade à verdade do discurso, fazendo-a passar por discurso da verdade, uma verdade parida pela sabedoria oracular e registada na página da internet da Presidência da República.

Os portugueses sabem por experiência que vivem momentos difíceis e que essas dificuldades são o resultado de uma acumulação de fatores nacionais, europeus e globais. No que respeita aos fatores nacionais, a acumulação vem de longe. Tudo começou quando os fundos estruturais e de coesão, depois de contribuírem para a necessária infraestruturação física do país, ficaram reféns dos lóbis do betão e se descurou o investimento na educação, na formação, na criação de um sistema nacional de ciência, na diminuição das desigualdades sociais de modo a que os ganhos de produtividade se transformassem em bem-estar dos portugueses.

Ora, os governos de Cavaco Silva contribuíram para este desvio fatídico. A formação profissional foi entregue à corrupção generalizada; iniciou-se o desinvestimento nas universidades públicas, sujeitando-as à pilhagem dos seus recursos para alimentar os aviários universitários que então proliferaram; em termos de desigualdade social, o País era mais injusto em 1995 que em 1990 (e mais que em 1980). O que é hoje "insustentável" começou a sê-lo há muito, e nesse processo Cavaco Silva foi mais parte do problema do que da solução.

Quanto aos fatores europeus, os portugueses sabem que a Europa está num momento de bifurcação: ou se desagrega ou se transforma numa Europa federal ou confederal, com partilha democrática de custos e benefícios, de políticas e aspirações. A segunda opção é a única desejável e só se realiza quando os cidadãos europeus a assumirem como sua e disserem "Basta!" à transformação da crise real em pretexto mal disfarçado para destruir todos os direitos sociais por que lutaram, com tanto sangue vertido, ao longo de todo o século XX.

Quanto aos fatores globais, os portugueses começam a saber que a União Europeia se deixou minar pelo capitalismo financeiro global. O FMI é uma instituição nefasta, que os EUA não deixaram intervir no país durante a crise mas que a UE acolhe como um imenso cavalo de Tróia em cujo bojo se escondem os bancos alemães e franceses, à espera que lhes sejam pagos empréstimos feitos a juros confiscatórios. Com objetivos convergentes, foi permitido às agências de análise de risco converter os orçamentos nacionais em campos de apostas para o casino financeiro. Tais agências são peritas em utilizar as afirmações irresponsáveis dos responsáveis políticos "locais" para transformar em realidade as especulações em que assentam as suas previsões. Objetivamente, o PR recomenda às agências que obriguem os portugueses a confiarem no mercado financeiro e a confiarem tanto mais quanto menos o mercado confiar neles. Isto, sim, é insustentável!

Por que razão tudo isto, sendo claro, escapa ao PR? Porque está em campanha eleitoral, tendo deixado de fazer política de Estado para passar a fazer política partidária, e querendo testar a sensibilidade dos media para o apoiarem e ao seu relutante partido. Os resultados mostram que tem razões para se sentir confiante. Tragicamente, a sua confiança é construída à custa da destruição imprudente e injusta da confiança dos portugueses no país e no mundo em que vivem, o que é particularmente grave num período de crise. Mas a cegueira eleitoral é assim mesmo, tanto mais seletiva quando menos o devia ser.
Ao PR escapa que os portugueses podem começar a pensar que ele quer acima de tudo ser re-eleito, pouco lhe importando se é re-eleito Presidente de um país ou Presidente de uma ruína de país.


IN "VISÃO"
01/07/10

NA HORA DA FINAL

...ISTO É FUTEBOL GENIAL



















NOVAS PROFISSÕES

Estudo mapeia mais de
cem profissões do futuro
Idoso (arquivo)

A longevidade crescente deve abrir mercado para novas profissões

Nanomédicos, cirurgiões que ampliam a memória, policiais do clima e guias turísticos espaciais estão entre as 107 profissões que estarão em alta no futuro, de acordo com o estudo "The shape of jobs to come" ("Os tipos de trabalhos que virão"), realizado pela consultoria de tendências britânica FastFuture.

Para o estudo, que faz uma análise prevendo o período de hoje a 2030, a empresa ouviu mais de 486 especialistas de 58 países, em cinco continentes.

Levando em conta fatores econômicos, políticos, sociais, demográficos, ambientais e científicos, foi elaborada uma lista que se dividia em "profissões ainda inexistentes", como policial do clima, e as que existem mas cuja demanda deve aumentar, como nanomédico.

Abaixo, dez profissões entre as consideradas mais importantes em um mundo que, segundo a pesquisa, terá que lidar diariamente com as mudanças climáticas, e onde a escassez de água e alimentos será um dos maiores problemas que a comunidade internacional terá que resolver.

O crescimento e o envelhecimento da população devem ser levados em conta. Segundo o estudo, as Nações Unidas prevêem que a população chegue a 9,1 bilhões até 2050. O envelhecimento da população vai pressionar governos, empresas e famílias. E os avanços da ciência e tecnologia vão ter um espaço maior na sociedade. As 20 profissões mais importantes, segundo o estudo, indicam uma tendência de combinar qualificações e habilidades de disciplinas diferentes.

* Policial do clima. As ações de um país podem ter impacto no clima de outro, e serão necessários profissionais que salvaguardem internacionalmente a quantidade de emissões de carvão lançada na atmosfera.

* Fabricantes de partes do corpo. A medicina regenerativa já está dando os primeiros passos. No futuro, serão necessários profissionais que combinem as qualificações médicas com conhecimentos de robótica e de engenharia.

* Nanomédicos. Avanços na nanotecnologia oferecem o potencial de uma gama de artefatos de nível sub-atômico e permitirão uma medicina muito mais personalizada, onde os remédios serão administrados no local exato onde a doença se desenvolveu.

* Farmagranjeiros. Esta profissão envolve conhecimentos farmacêuticos que permitam modificar geneticamente as plantas, de forma que possa ser produzida uma quantidade maior de alimentos, com um maior potencial proteico e terapêutico. Entre as possibilidades do futuro estão tomates que sirvam como "vacinas" ou leite "com propriedades terapêuticas".

* Geriatras. Os médicos especializados no atendimento de pacientes da terceira idade no prolongamento de uma vida ativa têm futuro garantido. E eles deverão cuidar não só do estado físico do paciente, como também de sua saúde mental.

* Cirurgiões para o aumento da memória. É possível que, no futuro, seja possível a implantação de um chip que funcione como um disco rígido para a mente humana e seja possível armazenar nele os fatos que o ser humano não seja capaz de se lembrar. Serão necessários cirurgiões que saibam como realizar essa operação.

* Especialista em ética científica. À medida que a tecnologia e a ciência se integram mais no dia a dia por meio da nanotecnologia, do estudo das proteínas do organismo e da genética, surgirá mais polêmica sobre o possível uso maléfico de tecnologias e seu impacto social. Serão necessários profissionais com amplo conhecimento de ciência. No futuro, a pergunta a ser respondida não será apenas "É possível fazer isso?", mas também "É correto que se faça?"

* Especialista em reversão de mudanças climáticas. Haverá cada vez mais uma demanda por profissionais capazes de reverter os efeitos devastadores do fenômeno: pessoas com capacidade para aplicar soluções multidisciplinares como a construção de guarda-sóis gigantes para desviar os raios do sol.

* Destruidor de dados pessoais. No futuro, especialistas vão se dedicar a destruir os dados pessoais e informações sensíveis de indivíduos. Elas devem ser apagadas de forma segura e definitiva para evitar serem alvo de ataques de hackers.

* Organizadores de vidas eletrônicas. A quantidade de informações disponíveis será tão grande que serão necessários profissionais especializados em organizar a vida eletrônica dos indivíduos. Entre as tarefas estarão ler e arquivar correspondência eletrônica, e garantir que um emaranhado de dados existentes esteja organizado de forma coerente.

in "BBC Brasil"

MENINA DOS OLHOS TRISTES

MISTURA-SE????????????????



Faz parte de uma série de vídeos da Blendtech, uma marca de misturadoras de cozinha,
em que um suposto cientista experimenta misturar tudo e mais alguma coisa.
Depois de iPods, iPhones, discos de hoquei no gel e os mais variados objectos,
chegou a vez do iPad.
Caso para dizer: há, mesmo, idiotas para tudo.

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Diário da República nº 28 - I série- datado de 10 de Fevereiro de 2010 - RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 11/2010.
Poderão aceder através do site http://WWW.dre.pt

Vamos ler;


Algumas rubricas do orçamento da Assembleia da Republica
1 - Vencimento de Deputados .................................................12 milhões 349 mil Euros
2 - Ajudas de Custo de Deputados..........................................2 milhões 724 mil Euros
3 - Transportes de Deputados .................................................3 milhões 869 mil Euros
4 - Deslocações e Estadas .........................................................2 milhões 363 mil Euros
5 - Assistência Técnica (??) ......................................................2 milhões 948 mil Euros
6 - Outros Trabalhos Especializados (??) ...............................3 milhões 593 mil Euros
7 - RESTAURANTE,REFEITÓRIO,CAFETARIA............961 mil Euros
8 - Subvenções aos Grupos Parlamentares..............................970 mil Euros
9 - Equipamento de Informática .............................................2 milhões 110 mil Euros
10- Outros Investimentos (??) ..................................................2 milhões 420 mil Euros
11- Edificios ...............................................................................2 milhões 686 mil Euros
12- Transfer's (??) Diversos (??)..............................................13 milhões 506 mil Euros
13- SUBVENÇÃO aos PARTIDOS na A. R. ........................16 milhões 977 mil Euros
14- SUBVENÇÕES CAMPANHAS ELEITORAIS ............73 milhões 798 mil Euros Em resumo e NO TOTAL a DESPESA ORÇAMENTADA para o ANO de 2010, é :€ 191 405 356,61 (191 Milhões 405 mil 356 Euros e 61 cêntimos) - Ver Folha 372 do acima identificado Diário da República nº 28 - 1ª Série -, de 10 de Fevereiro de 2010.

Vamos lá então ver se isto agora já o começa a incomodar um "bocadinho". Repare:
Cada deputado, em vencimentos e encargos directos e indirectos custa ao País, cerca de 700.000 Euros por ano. Ou seja cerca de 60.000 Euros mês.

Onde estão os sacrifícios pedidos ao povo???

TEÓFILO CARVALHO DOS SANTOS















Teófilo Carvalho dos Santos
Político de Flag of Portugal.svg Portugal
Mandato: Presidente da Assembleia da República
Precedido por: Vasco da Gama Fernandes
Sucedido por: Leonardo Ribeiro de Almeida

Nascimento: 4 de Setembro de 1906[1]
Almeida
Falecimento: 1986 (80 anos)
Profissão: Advogado e Político
Wp ppo.png

Teófilo Carvalho dos Santos (Almeida, 4 de Setembro de 19061986) foi um político português.


Licenciou-se em Direito e foi franco-mação desde o início dos anos 30. Em 1945, foi um dos fundadores do Partido Trabalhista e, quatro anos mais tarde, integrou o núcleo da Resistência Republicana Socialista.

Em 1969, adere à Acção Socialista Portuguesa (ASP) e, em 1973, juntamente com outros membros da ASP, funda o Partido Socialista (PS).

Após a Revolução de Abril de 1974, foi Deputado pelo PS durante onze anos, entre 1975 e 1986. Foi Presidente da Assembleia da República durante dois anos, em 1978 e em 1980

WIKIPÉDIA

3º GOVERNO CONSTITUCIONAL


O III Governo Constitucional tomou posse a 29 de Agosto de 1978, sendo constituído por iniciativa do Presidente da República. Terminou o seu mandato a 22 de Novembro de 1978, na sequência da rejeição do seu programa de governo pela Assembleia da República.

Composição

Primeiro-Ministro

Ministro Adjunto do Primeiro Ministro

Ministro da Defesa Nacional

Ministro das Finanças e Plano

Ministro da Administração Interna

Ministro da Justiça

Ministro dos Negócios Estrangeiros

Ministro de Agricultura e Pescas

Ministro de Indústria e Tecnologia

Ministro de Comércio e Turismo

Ministro de Trabalho

Ministro de Educação e Cultura

Ministro de Assuntos Sociais

Ministro de Transportes e Comunicações

Ministro de Habitação e Obras Públicas

Ao apresentar, após tomada de posse, o Programa do Governo na Assembleia da República, foi o mesmo chumbado pelo que o governo manteve-se em funções até indigitação de novo Primeiro-ministro.

NOBRE DA COSTA






Alfredo Nobre da Costa
Ministro de Flag of Portugal.svg Portugal
Mandato: III Governo Constitucional
  • Primeiro-Ministro

Nascimento: 10 de Setembro de 1923
Falecimento: 4 de Fevereiro de 1996 (72 anos)
Wp ppo.png

Alfredo Nobre da Costa (10 de Setembro de 1923 - 4 de Fevereiro de 1996) foi o primeiro-ministro do III Governo Constitucional de Portugal (28 de Agosto a 22 de Novembro de 1978), para além de ter ainda participado no VI Governo Provisório e no I Constitucional.

Passa à história por ter sido o primeiro a chefiar um governo de iniciativa presidencial (à data, Ramalho Eanes), devido à inexistência de uma maioria parlamentar estável (a aliança entre o PS e o CDS que estivera na origem do II Governo Constitucional, presidido por Mário Soares, abortara).

Apesar de ter sido breve o período de tempo da sua governação, conservou boa imagem na opinião pública, devido às suas capacidades de gestão e acção governativa.

wikipédia

4º GOVERNO CONSTITUCIONAL

O IV Governo Constitucional tomou posse a 22 de Novembro de 1978, tendo constituído por iniciativa do Presidente da República. Terminou o seu mandato a 7 de Julho de 1979, na sequência da rejeição, pela Assembleia da República, de uma moção de confiança apresentada pelo executivo.


Primeiro-Ministro

Ministro do Comércio e Turismo

Ministro dos Assuntos Sociais

Ministro da Indústria e Tecnologia

Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro

Ministro da Administração Interna

Ministro da Agricultura e Pescas

Ministro da Comunicação Social

Ministro da Justiça

Ministro do Trabalho

Ministro da Habitação e Obras Públicas

Ministro dos Negócios Estrangeiros

Ministro da Defesa Nacional

Ministro dos Transportes e Comunicações

Ministro da Educação e Investigação Científica

Ministro das Finanças e do Plano

CARLOS MOTA PINTO







Carlos Mota Pinto
Ministro de Flag of Portugal.svg Portugal
Mandato: I Governo Constitucional
  • Ministro do Comércio e Turismo

IV Governo Constitucional

  • Primeiro-Ministro

IX Governo Constitucional

  • Ministro da Defesa Nacional

Nascimento: 25 de Julho de 1936
Pombal
Falecimento: 7 de Maio de 1985 (48 anos)
Coimbra
Partido: Partido Social Democrata
Profissão: Professor Universitário
Wp ppo.png

Carlos Alberto da Mota Pinto GCC, GCIP (Pombal, 25 de Julho de 1936Coimbra, 7 de Maio de 1985) foi um professor universitário e político português.

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se licenciou e obteve o grau de doutor em Ciências Jurídicas, foi um teórico influente, sendo a sua doutrina considerada na comunidade jurídica portuguesa, no que toca ao Direito Civil. Neste campo, a sua obra mais conhecida é o manual Teoria Geral do Direito Civil. Leccionou também na Universidade Católica Portuguesa, bem como em algumas universidades estrangeiras.

Após o 25 de Abril de 1974, ajudou a fundar, juntamente com Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Magalhães Mota, o Partido Popular Democrático (actual PSD). Pelo mesmo partido, foi eleito Deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República (cujo nome é, aliás, devido a uma proposta legislativa por si apresentada, durante os trabalhos da Constituinte). Foi igualmente presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Entrou em ruptura com Sá Carneiro, no Congresso de Aveiro, em Dezembro de 1975, tendo-se posteriormente reconciliado com ele e com o Partido (à data da morte de Sá Carneiro era mandatário nacional da candidatura presidencial do General Soares Carneiro). Foi igualmente Ministro do Comércio e Turismo no I Governo Constitucional (1976-1977), Primeiro-Ministro do IV Governo Constitucional (1978-1979), nomeado por iniciativa presidencial de Ramalho Eanes, e ainda Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa do IX Governo Constitucional (1983-1985). Liderou a Comissão Política Nacional do PSD, entre 1984 e 1985.

Faleceu subitamente nesse mesmo ano, em Coimbra, dias antes da realização do congresso (na Figueira da Foz) que daria a chefia do Partido a Cavaco Silva
wikipédia

5º GOVERNO CONSTITUCIONAL

O V Governo Constitucional tomou posse a 7 de Julho de 1979, sendo constituído por iniciativa do Presidente da República. Terminou o seu mandato a 3 de Janeiro de 1980, na sequência da dissolução da Assembleia da República.

Primeira-Ministra

Ministro do Comércio e Turismo

Ministro da Coordenação Cultural, Cultura e Ciência

Ministro da Coordenação Social e dos Assuntos Sociais

Ministro das Finanças

Ministro da Coordenação Económica e do Plano

Ministro da Indústria

Ministro dos Transportes e Comunicações

Ministro dos Negócios Estrangeiros

Ministro da Comunicação Social

Ministro da Agricultura e Pescas

Ministro do Trabalho

Ministro da Defesa Nacional

Ministro da Educação

Ministro Adjunto para a Administração Interna

Ministro da Habitação e Obras Públicas

Ministro da Justiça

MARIA DE LURDES PINTASSILGO




Maria de Lourdes Pintasilgo
Primeiro-ministro de Portugal
Mandato: 1979 - 1980
Precedido por: Carlos Mota Pinto
Sucedido por: Francisco Sá Carneiro

Nascimento: 18 de Janeiro de 1930
Abrantes
Falecimento: 10 de Julho de 2004 (74 anos)
Lisboa
Partido: Partido Socialista
Profissão: Engenheira
Wp ppo.png
Maria de Lourdes Ruivo da Silva Matos Pintasilgo (Abrantes, 18 de Janeiro de 1930Lisboa, 10 de Julho de 2004) foi uma engenheira química, dirigente eclesial e política. Foi a única mulher que desempenhou o cargo de primeiro-ministro em Portugal, tendo chefiado o V Governo Constitucional, em funções de Julho de 1979 a Janeiro de 1980. Foi também a segunda mulher primeiro-ministro em toda a Europa, a seguir a Margaret Thatcher.

Biografia

Maria de Lurdes Pintasilgo nasceu na freguesia de São João, Abrantes, filha de Jaime de Matos Pintasilgo (1897-1959), empresário ligado à indústria de lanifícios da Covilhã, e Amélia do Carmo Ruivo da Silva Matos Pintasilgo (1899-1982), doméstica. Foi neta paterna de Jerónimo de Matos Pintasilgo e de Bárbara Saraiva Tavares Matos, e materna de José Ruivo da Silva e de Raquel do Carmo Ruivo da Silva. Foram testemunhas e padrinhos do registo civil de Maria de Lourdes Pintasilgo um dos tios maternos, Augusto Ruivo da Silva, oficial do exército, e a avó Raquel, familiares que acompanharam muito de perto o seu crescimento e que muito a influenciaram. Cresceu numa família alargada, não cristã, agnóstica. Em 1933, nasceu o segundo filho do casal, José Manuel Matos Ruivo da Silva Pintasilgo. José Manuel enveredou pelo jornalismo. Casou com Maria dos Prazeres Rodrigues Gouveia Pintasilgo, tendo falecido em 1985, sem deixar descendentes.
Em 1937, a família de Maria de Lourdes Pintasilgo abandonou Abrantes e instalou-se em Lisboa. Maria de Lourdes Pintasilgo realizou já a instrução primária numa escola particular da Av. Almirante Reis, o Colégio Garrett. Em 1940, ingressou no Liceu D. Filipa de Lencastre. Terminou em 1947 o curso secundário como melhor aluna do liceu, por dois anos consecutivos obteve o Prémio Nacional.
Em 1953, com 23 anos, licenciou-se em Engenharia Químico-Industrial, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, numa época em que eram poucas as mulheres que enveredavam pela área da engenharia. Entre os 250 alunos do seu curso, apenas 3 eram mulheres. Com a opção por esta licenciatura, desejava mostrar que o desafio do mundo industrial e a novidade da técnica eram também acessíveis às mulheres.
Entre 1952 e 1956, presidiu à Juventude Universitária Católica Feminina (JUC/F). Foi co-presidente, com Adérito Sedas Nunes, do I Congresso Nacional da Juventude Universitária Católica. A projecção que, entretanto, adquiriu no interior do movimento católico português conduziu à sua eleição, por aclamação, para o cargo de presidente internacional da Pax Romana – Movimento Internacional de Estudantes Católicos (1956 e 1958). Nessa qualidade, ao longo do ano de 1957, presidiu ao I Seminário de Estudantes Africanos, no Gana, à Assembleia-Geral do movimento realizada em El Salvador. Em 1958, presidiu ao Congresso Mundial de Estudantes e Intelectuais Católicos, realizado em Viena de Áustria.

Início da carreira profissional

Iniciou a sua carreira profissional, em Setembro de 1953, como investigadora na Junta Nacional de Energia Nuclear, na qualidade de bolseira do Instituto de Alta Cultura. Em Julho de 1954, foi nomeada chefe de serviço no Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Companhia União Fabril (CUF), que aceitou pela primeira vez uma mulher nos seus quadros técnicos superiores. Trabalhou sucessivamente nas fábricas do Barreiro e nos Centros de Investigação de Sacavém e Lisboa. Entre 01.09.1954 e 30.10.1960, assumiu a direcção de projectos no Departamento de Estudos e Projectos da CUF, dos quais se destacam a edição da revista Indústria e a organização dos Colóquios de Actualização Científica, destinados aos quadros técnicos da empresa.

Papel na Igreja e intervenção cívica

A actividade profissional que vinha exercendo, não prejudicou o seu compromisso cristão. Esta dimensão de crente foi indissociável dos seus empenhamentos sociais, sendo o horizonte da justiça a sua ambição política. Em 1957, depois de uma passagem pelos Estados Unidos da América, fundou em Portugal, com Teresa Santa Clara Gomes, o movimento internacional Graal. Entre 1964 e 1969, enquanto vice-presidente internacional do Graal, foi coordenadora de programas de formação e de projectos-piloto no domínio da emancipação da mulher, do desenvolvimento, da acção socio-cultural e no domínio de uma evangelização enraizada no seu tempo. Neste período representou o Graal em actividades internacionais, nomeadamente no III Congresso Mundial do Apostolado dos Leigos, realizado em Roma (1967). Simultaneamente foi designada, pelo Papa Paulo VI, representante da Igreja Católica num grupo de ligação ecuménica com o Conselho Mundial das Igrejas (1966-1970). No Graal em Portugal foi mentora dos projectos: Rede Lien (1989-2004); Trabalho e Família – Responsabilidade Total (2001-2002), no âmbito da iniciativa comunitária EQUAL (2000-2001); Para uma Sociedade Activa (1996-2000), no âmbito do IV Programa para a Igualdade de Oportunidades entre as Mulheres e os Homens da Comissão Europeia e com o apoio do Programa Emprego/ Eixo Now (1999-2000); Banco de Tempo (desde 2001), com o apoio da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (2001-2203) e da Comissão para a Igualdade e os Direitos das Mulheres (2003).
Em Novembro de 1969, após recusar o convite do presidente do Conselho, Marcelo Caetano, para integrar a lista de deputados à Assembleia Nacional, Maria de Lourdes Pintasilgo aceitou ser designada procuradora à Câmara Corporativa na Secção XII – Interesses de ordem administrativa, 1.ª Subsecção: Política e Administração Geral, Foi a primeira mulher a exercer funções nesta secção, cargo que desempenhou até Abril de 1974. Na qualidade de procuradora, assinou com “voto de vencida” vários pareceres, relativos a questões como a liberdade de imprensa, o modelo de desenvolvimento económico e as alterações à Constituição.
Entre 13.05.1970 e 23.09.1973, trabalhou como consultora junto do Secretário de Estado do Trabalho e Previdência, do Ministério das Corporações e Previdência Social. Presidiu ainda, novamente a convite de Marcelo Caetano, ao Grupo de Trabalho para a Participação da Mulher na Vida Económica e Social (na dependência da já referida Secretaria de Estado). No exercício dessas funções, integrou a Delegação Portuguesa à Assembleia Geral da ONU, tendo aí realizado cinco intervenções, subordinadas às problemáticas: o direito dos povos à auto-determinação (Novembro de 1971), a juventude (Dezembro de 1972), a condição feminina (Novembro de 1972), a situação social no mundo (Outubro de 1971), a liberdade religiosa (Dezembro de 1972).
Manteve-se no Ministério das Corporações e Previdência Social até à instituição da Comissão para a Política Social relativa à Mulher, por decreto n.º 482/73, de 27 de Setembro, da qual foi nomeada presidente. Esta comissão sofreu, com o decreto-lei n.º 47/75 de 1 de Fevereiro, uma mudança de designação, passando a ser referenciada como Comissão da Condição Feminina, agora dotada de autonomia administrativa. Maria de Lourdes Pintasilgo foi titular do cargo de presidente da referida Comissão desde 23.11.1973, interrompendo o exercício do cargo para integrar alguns Governos Provisórios, após o 25 de Abril.

Vulto da democracia

Depois da revolução do 25 de Abril de 1974, foi nomeada secretária de Estado da Segurança Social no I Governo Provisório. Ocupou como ministra a pasta dos Assuntos Sociais nos II e III Governos Provisórios entre 17.07.1974 e 25.03.1975. O programa de acção que concebeu para aquele Ministério mereceu a classificação de programa-modelo, por parte do Secretariado do Desenvolvimento Social para a Europa da ONU. Introduziu, no programa daquele ministério, a aplicação do princípio da universalidade das prestações sociais do Estado. Entre Maio e Setembro de 1975, foi ainda designada membro eleito do Conselho de Imprensa.
Em 01.05.1975, retomou a presidência da Comissão da Condição Feminina, permanecendo em funções até à tomada de posse como embaixadora junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, em 08.08.1975, onde realizou um trabalho notável durante quatro anos. Permaneceu como embaixadora delegada de Portugal junto da UNESCO (Paris) até 1979, embora administrativamente tenha conservado o cargo até 27.05.1981. Foi eleita, por quatro anos, membro do Conselho Executivo da UNESCO, por proposta dos países ocidentais, durante a Conferência Geral de 1976, realizada em Nairobi, pelo reconhecimento das suas capacidades na resolução de problemas difíceis e pelo seu conhecimento profundo em matérias como ciência, educação e cultura.
Em 19.07.1979, foi indigitada pelo presidente da República, general Ramalho Eanes, para chefiar o V Governo Constitucional (31.07.1979 – 03.01.1980), um governo de gestão incumbido de preparar as eleições legislativas intercalares marcadas para 2 de Novembro desse ano. Ao aceitar desempenhar aquelas funções, Maria de Lourdes Pintasilgo tornou-se a primeira mulher portuguesa a assumir o cargo de chefe do Governo. Foram características da sua acção governativa, nas palavras de um historiador, uma liderança dialogante, bem como a manifesta preocupação de justiça social que trespassou a produção legislativa daquele período (REIS, António, «O poder central» in Portugal 20 Anos de Democracia, coord. de António Reis, Temas e Debates, 1996, p. 80).
Em 1980, apoiou a candidatura do general Ramalho Eanes à Presidência da República. Entre 01.10.1981 e 01.02.1985, exerceu funções como consultora do presidente da República, António Ramalho Eanes, gerindo durante essa época o dossier Timor-Leste. Dotada de um estilo carismático foi dinamizadora de importantes movimentos sociais e cívicos, resultantes da sua preocupação com o aprofundamento da democracia. De nomear entre outros: a Rede de Mulheres (1980-1986), a Plataforma Inter-Grupos, o Movimento para o Aprofundamento da Democracia (MAD), surgido entre 1982 e 1985, e a Plataforma Europeia para o Ambiente.
Foi candidata independente às eleições presidenciais de 1986, as mais competitivas e polarizadas do regime democrático português, onde pela primeira vez os candidatos eram civis e não já militares. Sem o apoio de qualquer máquina partidária e gozando do prestígio que recolhera enquanto primeira-ministra, Maria de Lourdes Pintasilgo formalizou a sua candidatura em 09.12.1985 com cerca de 15 000 assinaturas e surgia como a candidata mais bem posicionada nas sondagens, recolhendo elevadas percentagens das intenções de voto. Todavia, na primeira volta foi preterida em face dos candidatos de esquerda dotados de apoios dos partidos políticos. Os resultados eleitorais traduziam o triunfo dos aparelhos partidários sobre as apostas singularizadas, penalizando fortemente aquela que havia sido a candidatura mais personalizada, a de Maria de Lourdes Pintasilgo, com 7,4% dos votos.
Entre 1987 e 1989 foi deputada no Parlamento Europeu, na qualidade de independente integrada no Grupo Socialista.

Projecção internacional

Desde nova que a sua experiência cristã e mais tarde os seus empenhamentos sociais, cívicos e políticos, são atravessados pela dimensão internacional. No final dos anos setenta era já uma prestigiada intelectual católica, com uma carreira política meritória, reconhecida em Portugal e no estrangeiro. Porém, durante a década de oitenta, foi no plano internacional que Maria de Lourdes Pintasilgo exerceu maior actividade, pois em Portugal, o projecto que defendera enquanto primeira-ministra despertara a hostilidade do Partido Social Democrata (PSD) e do Centro Democrático Social (CDS), que depois de formarem o Governo da Aliança Democrática (1980-1982), procuraram retirar-lhe visibilidade no espaço público.
Foi membro do conselho directivo do World Policy Institute da New School of Social Research, em Nova Iorque (1982). Em 1983 torna-se membro do Conselho de Interacção de Ex-Chefes de Governo, organismo criado por Kurt Waldheim, Leopold Senghor e Helmut Schmit, ocupando a sua vice-presidência entre 1988 e 1993, por designação do Comité Executivo. Foi igualmente membro do Conselho Directivo da Universidade das Nações entre 1983 a 1989, por designação do Secretário-Geral da ONU, do Director-Geral da UNESCO e da Santa Sé. De 1989 a 1991 foi membro do Conselho da Ciência e da Tecnologia ao Serviço do Desenvolvimento, eleita pela Assembleia Geral da ONU, e membro do Grupo de Peritos da OCDE sobre A Mudança Estrutural e o Emprego das Mulheres (1990-1991), a convite do Secretário-Geral daquela organização.
Entre 1990 e 1992 foi conselheira especial do Reitor da Universidade das Nações Unidas. De 1992 a 1994 foi presidente do Grupo de Peritos do Conselho da Europa sobre Igualdade e Democracia. Por convite conjunto dos Governos da Holanda, Suécia, Noruega, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Japão da ONU, do Banco Mundial e de várias Fundações Americanas, entre 1992 e 1997, foi presidente da Comissão Mundial Independente sobre a População e Qualidade de Vida.
Presidiu, entre 1993 e 1998, ao Conselho Directivo do WIDER/UNU, Instituto Mundial de Investigação sobre Desenvolvimento Económico da Universidade das Nações Unidas. Maria de Lourdes Pintasilgo foi também, entre 1995 e 1996, presidente do Comité dos Sábios, a convite do Presidente da Comissão Europeia.
Participou ainda em numerosos simpósios, encontros, colóquios em universidades, institutos religiosos e organizações cristãs, entidades internacionais (OCDE, ONU, UNITAR, OIT, NATO, UNESCO), em associações e movimentos de mulheres, fóruns políticos e sociais dos cinco continentes, com a análise de temas relacionados com os vários aspectos da intervenção das mulheres na sociedade civil, do desenvolvimento e da qualidade de vida, da cidadania, da teologia e espiritualidade cristã, da democracia e reforma do Estado.
Foi membro das seguintes entidades: Fundação Europa - América Latina (1984); Clube de Roma, Paris (1984); Sisterhood is Global Institute, em Nova Iorque (1986, tornando-se sua presidente, em 1994); do comité consultivo do Synergos Institute, Nova Iorque (1988); Instituto para o Desenvolvimento e a Acção Cultural (IDAC), Rio de Janeiro (1997); Institute for Democratic Electoral Assistance, em Estocolmo (1997); Conselho de Women World Leaders, Cambridge (1998) e membro do World Order Model´s Project.
Membro da Pax Christi (1984) e do Movimento Internacional de Mulheres Cristãs.
Em 1987, leccionou na Universidade Internacional de Lisboa um Curso sobre Problemas de Desenvolvimento Global. Durante o ano de 1994, foi professora na Universidade Aberta de Lisboa, no âmbito do Mestrado em Relações Interculturais, da disciplina Nacionalidade, Cidadania e Identidade Cultural. Entre 1991 e 2002 foi membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, eleita pela Assembleia da República. Torna-se desde 2001, presidente da Fundação Cuidar O Futuro, por si concebida e instituída pela Associação Graal.

Títulos honoríficos

Foi galardoada, em 07.03.1986, com o The 1986 Living Legacy Award atribuído pelo Women’s International Center, em San Diego (Califórnia). Recebeu o doutoramento “honoris causa” pela Universidade Católica de Louvaina, em 02.02.1990. Foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (1980), tornando-se na primeira mulher agraciada nessa Ordem com esse grau; com a Grã-Cruz da Ordem do Infante (10.06.1994) e com a Medalha Machado de Assis pela Academia Brasileira de Letras (13.11.1997).

Outros cargos exercidos

  • Consultora do Presidente da República Ramalho Eanes
  • Membro do Conselho das Universidades das Nações Unidas
  • Membro do Movimento Internacional Católico Graal

Algumas obras

A obra publicada de Maria de Lourdes Pintasilgo é variada, contemplando desde livros, ensaios, relatórios, conferências, prefácios, além de um vasto número de artigos em jornais e revistas. As principais temáticas abordadas nos seus artigos são sobre a participação das mulheres no desenvolvimento/qualidade de vida, na cultura e na política, a renovação da teoria e prática políticas, a espiritualidade e o compromisso cristãos. Merecem destaque os seus principais livros:
  • Sulcos do nosso querer comum (Porto, Ed. Afrontamento, 1980);
  • Imaginar a Igreja (Lisboa, Ed. Multinova, 1980);
  • Les nouveaux féminismes: question pour les chrétiens? (Paris, Éditions du Cerf, 1980);
  • As dimensões da mudança (Porto, Ed. Afrontamento, 1985);
  • Os novos feminismos: interrogação para os cristãos. Lisboa, Moraes, 1981.
  • O Graal, um movimento do nosso tempo. Porto, 1984. Separata de Igreja e Missão, 2.ª série, ano 15.
  • Dimensões da mudança. Prefácio de Eduardo Prado Coelho. 2.ª ed., Porto, Afrontamento, 1985.
  • As minhas respostas (Lisboa, Ed. D. Quixote, 1985).
Prefaciou ainda a segunda edição das Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (1974). Assinou o Pré-Prefácio e o Prefácio da 3.ª edição daquela obra, em 1980. Em 1999, prefaciou também a obra de Maria Regina Tavares da Silva, A Mulher – Bibliografia Portuguesa Anotada (1518-1998). A escrita e as investigações que conduziu caracterizam-se pela criação de alternativas aos paradigmas existentes, pela proposta de um diálogo interdisciplinar e por grande independência da sua reflexão política. Saliente-se ainda que, a divulgação do seu pensamento foi em grande medida feita através de longas entrevistas e debates, editados por publicações nacionais e estrangeiras, comprovando os seus dotes excepcionais de comunicadora e pensadora.

USE O CINTO


enviado por D.A.M.