07/12/2010

ALMORRÓIDA BENFAZEJA


Restaurante oferece sopa, 
           pão e vinho aos necessitados

Um copo de vinho, um pão e uma sopa. Este é o menu que o restaurante "Rampinha", na freguesia de Maximinos em Braga, está a oferecer, durante este mês, a todos as pessoas que precisem de uma refeição ligeira e que não tenham recursos financeiros para a ter.

"Está frio lá fora", disse José, nome fictício que o JN atribui a um homem que ontem, à hora do almoço, decidiu recorrer à ajuda do restaurante "Rampinha" para aconchegar o estômago. "Eu não gosto de falar disto, porque até me dá vontade de chorar. Tinha uma vida normal, perdi o emprego e a minha família deixou-me. Agora tenho os trocos para o dia-a-dia e aproveito estas pessoas de coração enorme para tentar sobreviver", revelou, com voz carregada de tristeza, José.

As cozinheiras deste "cantinho amigo" recebem com um sorriso todos aqueles que pouco ou nada têm para comer. O proprietário do restaurante, António Rito, disse que "gosta de ser amigo de todos" e, apesar da facturação do negócio estar em baixo, esta foi a forma de partilhar um pouco do que tem.

"Estamos em tempo de crise e a mim custa-me ver as pessoas entrarem em situações de desespero. Também vem aí o Natal, que só é pena não ser, realmente, quando um homem quer, e decidi oferecer este pequeno menu a quem precisa", referiu António Rito.

A refeição é servida à hora do almoço, mas o dono do restaurante "Rampinha" não tem problemas em repetir o menu durante o jantar. "Basta virem aqui e pedir uma sopinha", apesar de admitir que possa haver gente que não o faça por vergonha, até porque António Rito conhece pessoas que "têm mede de dizer que estão a passar dificuldades".

"Apenas divulguei esta iniciativa na internet e junto de amigos. Acredito que se outros restaurantes fizessem o mesmo, pelo menos o Natal seria mais confortável para muitos", acrescentou o senhor Rito, que faz questão de dizer que o negócio da restauração já foi muito melhor e que neste momento está a facturar metade do que facturava há uns tempos atrás.

"Eu também estou a sofrer na pele a crise e 2011 não traz nada de bom. Mas se dermos um pouquinho do que temos, tudo fica mais fácil", disse António Rito, que vê no espírito comunitário um dos caminhos para resolver alguns problemas sociais.

Ainda não são muitos os que vão até ao restaurante "Rampinha", até porque o proprietário do restaurante não quer investir em publicidade e prefere que a mensagem vá passando pelos que ali vão comer uma sopa, um pão e beber um copo de vinho.

"Claro que vou falar disto a outras pessoas que sei que nem se vão acreditar que há um restaurante a dar de comer. Claro que até pode parecer pouco mas acreditem que é uma grande ajuda para quem está a passar por dificuldades económicas como eu", afirmou José, para quem a sopa que tinha acabado de comer foi das melhores que degustou.

"Fazem-me lembrar as sopas da minha avó", disse por entre sorrisos, ao mesmo tempo que agradecia a generosidade de António Rito e partia para mais uma noite de solidão, mas com uma chama na alma.

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
07/12/10

2 comentários:

fatima.medeiros disse...

Se todos seguissem este exemplo que parece tão pouco e que significa tanto para quem quase nada tem, o mundo seria bem melhor.
Há muita pobreza envergonhada e normalmente "quem dá, recebe em dobro" já dizia a minha avó.

Anónimo disse...

O grande responsável desta situação é o peideiro do "inginheiro Socas".