04/10/2010

ALMORRÓIDA PERMEÁVEL


Advogados admitem ser permeáveis à corrupção

Portugal em 11.º lugar no ranking de países onde o problema é corrente no sector da advocacia
A advocacia portuguesa é das mais permeáveis ao fenómeno da corrupção a nível mundial, aproximando-se à praticada em países como Paquistão, Rússia ou Nigéria. É a conclusão de um estudo internacional, com base em inquéritos realizados aos advogados.
Quando comparado com os restantes parceiros europeus, no que toca ao retrato por regiões, Portugal até nem faz má figura. O cenário só piora quando os advogados portugueses surgem em 11.º lugar num ranking mundial de países, classificados de acordo com as respostas dos seus profissionais: 65% dos inquiridos consideram que, por cá, a corrupção é algo habitual no sector.
No cômputo geral, e de acordo com o estudo internacional apoiado pelo Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), à frente de Portugal só o Paquistão, China, Guatemala, Ucrânia, Peru, Colômbia, Argentina, Rússia, México e Nigéria (por esta ordem descendente). No extremo oposto, ou seja, os países cujos advogados questionados consideraram que a corrupção não é um problema no seu ramo, surgem a Dinamarca, Japão, Luxemburgo, Uruguai, Canadá e Chipre.
Cerca de 85% dos causídicos portugueses admitiram também que a legislação nacional e os regulamentos profissionais são ineficazes na prevenção e combate à corrupção internacional e ao branqueamento de capitais. Valor igual ao da Rússia, similar ao da Nigéria e só ultrapassado pelos da Venezuela e Argentina.

São ainda os jovens advogados, dos 20 aos 30 anos, que dão conta de tal fenómeno. Já os veteranos do Direito pouco o referenciam. Aliás, se mais de 65% dos jovens denunciam a existência de corrupção, esse indicador cai a pique entre os profissionais com mais de 51 anos.

Desconhecimento elevado

Por áreas mundiais, o relatório "Riscos e ameaças de corrupção e a profissão de advogado" aponta à Comunidade dos Estados Independentes, como a Rússia, Ucrânia ou Azerbeijão, os piores indicadores.
São daquela região os profissionais jurídicos que mais afirmaram conhecer colegas envolvidos em corrupção internacional; acreditam que colegas já funcionaram como ponte para a prática corruptiva com um governante; ou que a corrupção é algo comum dentro da classe.
No geral (ler outros dados na caixa), metade dos inquiridos consideram o fenómeno um problema com que o sector se depara.
Os entrevistados admitiram também que um número significativo é abordado para actuar como agente ou intermediário em transacções suspeitas internacionais.
Realizado pela Organização Internacional das Associações de Advogados (IBA) e Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE), o estudo recomenda a formação destes profissionais e a criação de programas jurídicos sobre suborno e corrupção transfronteiriça.

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
04/10/10

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