29/09/2010

ALMORRÓIDAS GANZADAS


Pilotos e comissários de bordo julgados por tráfico de cocaína

Os sete arguidos são quase todos da Linha de Cascais, oriundos de meios abastados.

Dois pilotos de avião comercial, dois comissários de bordo e mais três amigos conhecedores do meio, quase todos residente na Linha de Cascais e com infâncias aparentemente felizes, proporcionadas por famílias aparentemente normais e aparentemente abastadas. Mas a "ambição" e a "ganância", aparentemente, lançaram- -nos na construção de uma ponte aérea entre Brasil e Portugal em que esvoaçava o negócio da cocaína. Para equilibrar as contas e pagar as dívidas. A Polícia Judiciária (PJ) descobriu-os e apanhou-os. Agora, em julgamento, que começou ontem no Campus da Justiça de Lisboa, apesar de amigos, incriminam-se mais uns aos outros do que se defendem, em nome da verdade. Aparentemente.
São sete os arguidos, cinco dos quais em prisão preventiva. Apenas um, piloto aviador, tem mais de 40. Os outros estão entre os 20 e os 30 anos. Todos têm uma postura educada e aparência cuidada.
Miguel, 33 anos, comissário de bordo, confessou: "Foi a ganância que me levou a meter nisto." Os factos ocorreram em Fevereiro de 2009. Um dia foi contactado por Jorge, o mais veterano, que o desafiou a ir ao Brasil para trazer uns quatro quilos de cocaína. Beneficiando do seu estatuto profissional, poderia mais facilmente passar na alfândega do aeroporto. Receberia 15 mil euros. Era casado, tinha um filha, pagava 500 euros de renda de casa e tinha três créditos pendentes. O que iria auferir acabava de vez com as dívidas ao banco. Aceitou.
Partiu para o Brasil com Tatiana, 33 anos, piloto de aviões, que arranjara a mala com fundo falso e, alegadamente, terá vendido, dois Mercedes, um dela e o outro do pai, angariando 52 500 euros no total para comprar droga naquele país. Os dois encontraram-se em Florianópolis com Patrícia, 31 anos, comissária de bordo, e com Ricardo D'Almeida, 27 anos, sócio de um empresa de importações e exportações, que o seu pai, empresário, ajudara a criar. Ricardo é pai de um bebé de dois anos e fazia a ponte com os traficantes no Brasil. À época era toxicodependente.
Em Portugal, a ponte com o tráfico era feita por Vasco, 31 anos, casado e com um filha, toxicodependente, vivendo de uma mesada de mil euros doada pela mãe. Nunca teve um emprego. Ganhava uns trocos com o tráfico e com comissões de venda de carros, como foi o caso dos dois Mercedes de Tatiana. O seu contacto para penetração no tráfico era José Henriques, 31 anos, empresário.
Nuno e Tatiana regressaram a Lisboa a 24 de Fevereiro com 4,5 quilos de cocaína, mas tinham a PJ à espera. Aliás, todo o grupo já estava a ser investigado há muito tempo. Ricardo Vasco e José Henriques, indiferentes ao que se passara com os amigos, continuaram com os esquemas de tráfico. A 21 de Junho foram apanhados. Nesse dia Ricardo e Vasco foram buscar um mala com droga ao aeroporto, entregue por um desconhecido, para depois levarem o produto a José Henriques. A PJ estava a vigiá--los. O julgamento prossegue hoje.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
29/09/10

Sem comentários: